O pai

Hoje poderia escrever sobre outra coisa qualquer, mas é o dia de uma (des)ventura.

O pai deu entrada na sala de emergência de madrugada, num hospital longe da nossa casa e eu estava no nosso quinto esquerdo frente com três números.

O pai de família, não é pai dos números 1 e 2, é "paidrasto". Cuida deles como se fossem dele mas não são. Educa-os. Ri com eles quando atingem objetivos. Chora com eles se lhes acontece alguma coisa. Tenta estar presente em todas as atividades em que eles participam. Vai às reuniões escolares. Representa-os mesmo quando eu poderia ir mas sabe que preciso de descansar, por isso vai ele.


Apesar daquele ar aciganado é perfeito como ser humano. Tem um coração de ouro, tenta ajudar os outros, oferece projetos (é arquiteto), porque vê necessidades e tenta colmatá-las, e ainda nem sequer cheguei à fase em que me disse para comprarmos 12 pais natais de chocolate grandes para os meninos de uma instituição carenciada, ou dá as moedas que tem no bolso aos mendigos mesmo que esteja a precisar delas.


O pai dos meus filhos é perfeito. Ele sabe que eu gosto de música regaeton e kizomba e dança comigo apesar de não apreciar as músicas. Sabe os meus gostos culinários e faz questão de demonstrar. Sabe o que me deixa triste e o que me anima sem se esforçar.

É um ser humano maravilhoso que está internado agora e quis regressar a casa ontem à noite, apesar de estar muito mal, porque não me queria deixar sozinha com 3 números.


Ele sabe que eu dou conta do recado, mas não deixa de se preocupar comigo e me relembrar todos os dias o quanto me ama, mesmo que eu tenha o meu mau feitio ligado e resmungue com ele.


O pai dos meus filhos é perfeito, os números adoram-no e eu deveria agradecer-lhe mais vezes por lutar ao meu lado e por me amar tanto.

E agora, quem me vai acordar às 3h ou 4horas da manhã, depois de trabalhar a abraçar-me e dar-me um beijo de boa noite, nos próximos dias?


Mãe de 3 aos 33!


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