Sonos

Quando sonhamos em ser mães não imaginamos o que nos espera quando nos dizem: "os bebés não deixam dormir", "tens que ter responsabilidade e acordar de noite para mudar a fralda e amamentar", "os bebés não são nenhum brinquedo".

Ora bolas, mas as nossas mães são parvas ou quê? Pensam que não sabemos isso? Então mas se eu aguento uma noitadazinha com as minhas amigas porque não hei-de conseguir aguentar algumas noites em claro? Eu até aguentaria noites de borga, é quase a mesma coisa só que estamos em casa (pensamos nós).

Pois bem, fui enganada! Oh santa ignorância ao que me empurraste? Não sabias que às vezes as mães têm razão?

Passo a explicar para nos contextualizarmos.

Fui mãe aos 24 anos porque considerava que tinha a minha vida resolvida e não tinha mais nada para fazer de importante. Ora, ter filhos nova era poder despachar os filhos para a universidade quando eu ainda fosse fresca e airosa e parecia-me muito bem.

Mas eis que o número 1 me fez as noites logo desde nascença num inferno. Pah! Eu juro que gosto do puto, mas se lhe podesse desligar o botão de acordar de noite durante 3 anos, teria desligado. É que quem não tem filhos não percebe! Aquela porra é um despertador angustiante. Tenho aqui para os meus botões que até ele se assustava com os próprios gritos e chamamentos.

O número 2 já foi uma paz de alma. Acordava a sorrir desde os 4 meses. Ficava a olhar para mim e eu para ele às 4 horas da manhã à espera de ver a minha reação. Bem, olhava para mim com aqueles olhinhos de carneiro mal morto de uma forma tão cutchi-cutchi que era irresistível e ficavamos ali horas a demonstrar um ao outro que sabemos respirar em silêncio. Obviamente que depois cresceu, se cansou da minha tentativa de pasmaceira e começou a acordar de noite para comer.

E chegamos ao cerne do momento. O número 3. Pois bem, o 3 faz um ano hoje e digamos que, com os anos me aprendi a fazer de morta. Vá! Não vale a pena me crucificarem até porque cruz só havia uma e o Cristo ocupou-a à meia dúzia de anos atrás.

Sabem aquele momento em que os bebés acordam a meio da noite porque se viraram e a cama do outro lado está fria? Pois bem: Choram! Ou aquele momento em que deviam estar a sonhar que eram MacGyvers, se sentam a dormir, tentam escalar o berço e tropeçam? E aquele meio prato da sopa que deveriam ter comido ao jantar e a meio da noite se lembram dele? Ou aquele xixi que só fizeram depois de estarem enrolados em 1001 mantas fofinhas para pensarem que era a gordura da mãe a abraçá-los? Pois bem: Choram! Choram e choram!

Mas choram com tanta vontade que tens duas hipóteses! Ou te fazes de morta para o bebé à espera que ele volte a adormecer! Ou te fazes de morta para o pai do bebé para ele se levantar e ir ele ao berço.

Não sei como fazem as outras mas o modo preguiça misturada com aquele animalzinho irrequieto que nunca sei o nome mas se costuma fazer de morto quando vê pessoas ou predadores, é o meu mix preferido.

Quero acreditar que até sou uma boa mãe mas as noites são sagradas e já não tenho idade para borgas interiores ou exteriores. Dispenso-as! Ofereço-as! Ou dispenso-as e ofereço-as tudo junto!

Vá! E para quem está a ler isto, não desesperem! Os filhos crescem e digam lá as outras o que disserem, atualmente o número 1 e o 2 dormem de noite e sozinha com eles também durmo que é uma maravilha, por isso não perdemos o sono com a preocupação coisa nenhuma.

(Ou isso sou apenas eu que não sei ser mãe 😂).